GUIA PRATICO DA DESPEDIDA, 2021                                                                                                      fotografia, dimensões variáveis             
 Nesta serie de imagens proponho uma reflexão sobre a morte e a forma como múltiplos rituais de luto são constituídos no Brasil. Como ponto de partida investigo a Indústria responsável por prestar todos os serviços ligados à morte e que direta ou indiretamente constrói e modifica modos e rituais de despedida de uma sociedade ao longo do tempo. 
Estes espaços em sua maioria falam de uma burocracia higienizada. São territórios impessoais e de certa maneira sem graça; salas de escritório, repartições, porta retratos de plástico e corredores de luz branca sem fim. Em uma visita guiada a um cemitério-parque recebo um folder de papel com os dizeres ‘Guia Prático da Despedida’. 
Durante este processo todo me questiono se a fotografia realmente dá conta de dialogar com morte (mas será que qualquer outro suporte conseguiria?). Me atrai a maneira como a logística e a espacialidade desse tipo de espaço é construída com tantos elementos ordinários e burocráticos, em contrapartida a algo tão complexo e misterioso quanto a morte e o morrer. 
Outro dia perguntei a um homem que trabalha no café de um crematório se ele tem medo de morrer e ele me diz que morre de medo - o que quebra completamente minha segurança em pensar  que talvez pessoas que trabalham diretamente com a morte, tenham um pouco menos de medo do que eu. Por algum motivo estranho, muitos dos lugares que visito estão em reforma e expansão.Penso na cidade de São Paulo, e em todos os lugares violentamente soterrados para dar espaço a uma nova arquitetura agradável e funcional. Algum dia, muito em breve - todas as cidades vão se parecer. 

PRACTICAL GUIDE TO FAREWELL, 2021
Photography, variable dimensions
In this series of images, I propose a reflection on death and the ways in which multiple mourning rituals are constructed in Brazil. As a starting point, I investigate the industry responsible for providing all services related to death—an industry that, directly or indirectly, shapes and modifies a society’s ways and rituals of saying goodbye over time.
These spaces mostly speak of sanitized bureaucracy. They are impersonal and somewhat dull territories: office rooms, administrative departments, plastic picture frames, and endless corridors lit by cold white lights. During a guided tour of a memorial park cemetery, I receive a paper brochure with the words “Practical Guide to Farewell.”
Throughout this process, I question whether photography is truly capable of engaging in dialogue with death (but could any other medium, really?). I am drawn to the way the logistics and spatiality of these environments are built with such ordinary and bureaucratic elements—contrasting sharply with something as complex and mysterious as death and dying.
One day, I asked a man who works at a crematorium café if he is afraid of dying. He told me he is terrified—completely shattering my assumption that perhaps those who work directly with death might fear it less than I do. For some strange reason, many of the places I visit are under renovation or expansion. I think about São Paulo and all the places violently buried to make way for a new, pleasant, and functional architecture. One day, very soon, all cities will look alike.
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